
Um dia, ia Eva em seu passeio diário pelo jardim do Éden, como quem não quer nada, quando deu de cara com a serpente: “ah, que fofo esse bichinho... benhê vem ver... êhe, ele fala também... mas é muito fofo mesmo!”.
... E lá se foi o paraíso...
Mais à frente está Davi, andando pelo terraço do palácio, num descanso que se deu após algumas batalhas (“afinal, eu mereço!”), quando viu Bate-Seba: ”Ops... olha só que formosura... e bem no meu quintal. Hum, eu quero!”. E em questão de horas, já estava envolvido em adultério e homicídio...
Sem falar de Jonas, que descaradamente saiu “à francesa”... para cair dentro do estômago do grande peixe!
Assim como eles, diariamente nos defrontamos com situações de escolha que afetarão de alguma maneira nosso futuro... É o tão falado livre arbítrio.
Escolher nunca foi uma coisa fácil, tanto que Sheakeaspeare ficou mundialmente famoso com a frase “Ser ou não ser? Eis a questão”.
É necessário saber baseados em que faremos as escolhas, se realmente estamos preparados para ela e examinarmos quem está no centro de nossa vontade, se a carne ou Cristo.
Para escolher precisamos desejar. Eva desejou ter “... entendimento...”(Gn 3:6) e poder. Foi seduzida pelo desejo de ser “como Deus, conhecendo o bem e o mal” (Gn 3:5).
Davi venceu batalhas terríveis, matou um leão e um urso com as próprias mãos, derrotou Golias, mas não dominou suas “inclinações carnais” (Cl 3:5). E Jonas, por não concordar com o direcionamento de Deus, resolveu seguir seu próprio caminho.
Todos três tinham o eu (a carne) como centro e veja no que deu...
Quando a carne está no controle ficamos mais suscetíveis às seduções do dia a dia, que na maioria das vezes entram sutilmente, outras, de maneira escancarada através da tv, cinema, jornais, revistas e até mesmo amigos; situações onde ficamos frente a frente, como Eva, com a serpente – “o mais astuto de todos os animais do campo que o Senhor Deus tinha feito” (Gn3:1) - nos perguntando “porque você não faz?, claro que não vai acontecer nada!, não seja ignorante; é uma questão de bom-senso! eu mereço; você merece... E por ai afora; sem esquecer que temos hoje a geração do eu tenho que: tenho que ter poder, ser bela (o), trabalhar fora, fazer universidade, ir às raves, experimentar drogas, ter experiências sexuais, fazer rachas de carro, ganhar um carro, fazer lipoaspiração, ter um corpo escultural, etc, sendo também imediatistas, rapidamente assumem o ”complexo de Deus” – sei tudo, posso tudo, sabe com quem está falando? – e “cheios de toda injustiça, malicia, cobiça, maldade, cheios de inveja, homicídio, contenda, dolo, malignidade,injuriadores, soberbos, presunçosos, inventores de males, desobediente aos pais, néscios, infiéis nos contratos, sem afeição natural, sem misericórdia” (Rm 1 ; 29, 30) porque “andamos nos desejos da nossa carne, fazendo a vontade da carne e dos pensamentos”(Ef 2:3), com isso “ dizendo-se sábios, tornaram-se estultos” (Rm 1:22).
Nesse momento o livre arbítrio torna-se um problema porque leva a escolha insensata, que, a curto ou longo prazo, levará a caminhos não planejados e desejados, cada vez mais distante de Deus e da benção, “pois a carne deseja o que é contrário ao Espírito” (Gl 5:17).
E a conseqüência que virá será: “Mas, segundo a tua dureza e teu coração impenitente, entesouras ira para ti no dia da ira e da revelação do justo juízo de Deus, que retribuirá a cada um segundo as suas obras” (Rm 2:5, 6).
Em Tiago 4:7 vemos “Sujeitai-vos, pois, a Deus, resisti ao diabo e ele fugirá de vós”, mas, como é difícil resistir à tentação... Ainda mais quando ela vem embrulhada pra presente, fofa, linda e até parece ter coerência! Mas, Colossenses 3:5 afirma: “Exterminais, pois, as vossas inclinações carnais; a prostituição, a impureza, a paixão, a vil concupiscência, e a avareza, que é idolatria”. Aí está uma das fórmulas para resistir à tentação.
Do mesmo modo, devemos reconhecer que não podemos nada por nós mesmos, colocar Cristo como centro de nossa vida, e pedir-lhe “ensina-me a fazer a tua vontade, pois tu és o meu Deus; guie-me o teu bom Espírito por terreno plano” (Salmo 143:10).
Deus não é contra o nosso desejo, pelo contrário, Ele tem prazer em nos abençoar - “mas ao justo lhe concederá seu desejo” (Pv 10:24).
Justo é aquele que não só aceitou Jesus Cristo como salvador, mas principalmente como Senhor de sua vida, significando que Ele (Jesus) é meu dono, que me dirige, me protege, ampara, cuida e provê minhas necessidades.
Quando colocamos Cristo no centro de nossas vidas somos livres, pois, “onde está o Espírito do Senhor aí há liberdade” (II Co 3:17), porque sei que “todas as coisas me são licitas, mas nem todas me convêm. Todas as coisas me são licitas, mas eu não me deixarei dominar por nenhuma delas” (I Co 6:12), porque “Cristo nos libertou para que sejamos de fato livres. Estai, pois, firmes e não torneis a colocar-vos debaixo do jugo da escravidão” (Gl 5:1).
Paulo nos ensina um modo de continuarmos nessa liberdade em Rm 12:2 “e não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação do vosso entendimento”, e isso se torna possível quando, como ele, podemos dizer “Estou crucificado com Cristo, e já não vivo, mas Cristo vive em mim” (Gl 2:20), por isso, “deleito-me em fazer a sua vontade ó Deus meu” (Salmo 40:8).
Esse deve ser um processo contínuo em nossa vida ”porque a carne luta contra o Espírito, e o Espírito contra a carne; e estes se opõem um ao outro, para que não façais o que quereis” (Gl 5 17).
Sílvia Rodrigues
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